Mitos sobre vacinação e porque você deve vacinar seu filho

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Vacinação infantil - Pilulas maternas

No último mês muitas reportagens noticiando a volta de casos de Sarampo no Brasil tem deixado muitos pais de cabelo em pé! Mas o que está por trás destes casos recentes? E porque está aumentando o número de famílias que OPTAM por não vacinar os filhos?

Na Europa já existe um surto de sarampo e por lá o grupo de pais que decidem não vacinar seus filhos, tomam força a cada dia. E esta linha de pensamento já foi até citada no The Onion, um site humorístico americano (que só publica notícias falsas):

“Eu não vacino meu filho porque é meu direito decidir quais doenças erradicadas voltarão com tudo”

A declaração pode ser mentira, mas brinca com uma verdade preocupante: algumas doenças que foram eliminadas em países desenvolvidos andam reaparecendo nos últimos tempos.

As razões desta escolha são as mais diversas, desde minimização dos riscos da doença, passando pela crença na linha antroposófica, de que adoecer é melhor do que se proteger com a vacina, até (pasmem!) modismo.

No Brasil já foram diagnosticados 263 casos de sarampo no Amazonas e outros 200 casos em Roraima, sendo que ainda existem muitos em investigação (Se você ainda não viu sobre o assunto, leia aqui). No estado do Rio de janeiro, até a data de criação deste post, já existem 2 casos da doença confirmados no estado. E o mais assustador é que a doença está rapidamente se espalhando no país, pois a cobertura da vacina está baixa em vários estados.

Difícil acreditar que doenças tão contagiosas e perigosas possam estar voltando a ameaçar nossas crianças. Importante destacar que a decisão dos pais em não vacinar seus filhos afeta toda a comunidade, devido a chamada “Imunidade de rebanho” que é o percentual da população que deve ter cobertura da vacina para que possa proteger, principalmente, a parcela da população que não pode ou não tem acesso à vacinação (Por exemplo: grávidas, crianças com imunodeficiências, com câncer ou muito alérgicas, e alguns outros grupos não podem tomar todas as vacinas). Para esses indivíduos, não é uma questão de escolha, eles dependem exclusivamente da imunidade de rebanho para se manter saudáveis.

A “imunidade de rebanho” funciona mais ou menos assim: indivíduos que recebem vacinas fazem com que haja diminuição da circulação do agente infeccioso na comunidade. Ao diminuir o número de pessoas suscetíveis, diminui também a chance de transmissão da doença para todos. Assim, os vacinados beneficiam indiretamente o grupo inteiro, inclusive aqueles que não tiveram acesso à vacinação. Para que a catapora e a difteria não se propaguem, por exemplo, a imunidade de rebanho (cobertura da vacina) deve ser de 80%, no mínimo. Para a coqueluche e o sarampo, a taxa é mais alta: 92 a 95%.

“À medida que as doenças são erradicadas, a população acha que não precisa mais ser imunizada. Muitos pais nunca viram doenças graves, como o sarampo e a poliomielite, exatamente porque elas deixaram de existir. Assim, a população começa a achar que essas doenças não são graves ou não têm importância”, lamenta Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.

Para muitos ainda é forte a impressão sobre a falta de segurança da vacina, mas o que é importante lembrar é que antes de uma vacina ser oferecida para a população ela passa por muitos anos de pesquisa. E desde que passaram a ser oferecidas para a população, no século 18, já salvaram muitas vidas e erradicaram muitas doenças que podem deixar sequelas graves e até mesmo o risco de morte dos indivíduos.

Precisamos sempre nos informar, evitar acreditar em mitos sobre vacinas, e ter um olhar crítico para notícias disseminadas nas redes sociais. Veja a seguir alguns mitos já desmentidos pela sociedade científica:

1) Uma melhor higiene e saneamento farão as doenças desaparecerem – vacinas não são necessárias.

As doenças que podem ser prevenidas por vacinas retornarão caso os programas de imunização sejam interrompidos. Uma melhor higiene, lavagem das mãos e uso de água limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças infecciosas. Entretanto, muitas dessas infecções podem se espalhar, independente de quão limpos estamos. Se as pessoas não forem vacinadas, doenças que se tornaram raras, como a poliomielite e o sarampo, reaparecerão rapidamente.

2) As vacinas têm vários efeitos colaterais prejudiciais e de longo prazo que ainda são desconhecidos. A vacinação pode ser até fatal.

As vacinas são muito seguras. A maioria das reações são geralmente pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos graves de saúde são extremamente raros e cuidadosamente monitorados e investigados. É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfermidade evitável pela vacina do que pela própria vacina. A poliomielite, por exemplo, pode causar paralisia; o sarampo pode causar encefalite e cegueira; e algumas doenças preveníveis por meio da vacinação podem até resultar em morte. Embora qualquer lesão grave ou morte causada por vacinas seja muito relevante, os benefícios da imunização superam em muito o risco, considerando que muitas outras lesões e mortes ocorreriam sem ela.

3) A vacina combinada contra a difteria, tétano e coqueluche e a vacina contra a poliomielite causam a síndrome da morte súbita infantil.

Não há relação causal entre a administração de vacinas e a síndrome da morte súbita infantil (SMSI), também conhecida como síndrome da morte súbita do lactente. No entanto, essas vacinas são administradas em um momento em que os bebês podem sofrer com essa síndrome. Em outras palavras, as mortes por SMSI são coincidentes à vacinação e teriam ocorrido mesmo se nenhuma vacina tivesse sido aplicada. É importante lembrar que essas quatro doenças são fatais e que os bebês não vacinados contra elas estão em sério risco de morte ou incapacidade grave.

4) As doenças evitáveis por vacinas estão quase erradicadas em meu país, por isso não há razão para me vacinar.

Embora as doenças evitáveis por vacinação tenham se tornado raras em muitos países, os agentes infecciosos que as causam continuam a circular em algumas partes do mundo. Em um mundo altamente interligado, esses agentes podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa que não esteja protegida. Desde 2005, por exemplo, na Europa Ocidental ocorrem focos de sarampo em populações não vacinadas (Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido). Dessa forma, as duas principais razões para a vacinação são proteger a nós mesmos e também as pessoas que estão à nossa volta. Programas de vacinação bem-sucedidos, assim como as sociedades bem-sucedidas, dependem da cooperação de cada indivíduo para assegurar o bem de todos. Não devemos apenas confiar nas pessoas ao nosso redor para impedir a propagação da doença; nós também devemos fazer tudo o que pudermos.

5) Doenças infantis evitáveis por vacinas são apenas infelizes fatos da vida.

As doenças evitáveis por vacinas não têm que ser “fatos da vida”. Enfermidades como sarampo, caxumba e rubéola são graves e podem levar a complicações graves em crianças e adultos, incluindo pneumonia, encefalite, cegueira, diarreia, infecções de ouvido, síndrome da rubéola congênita (caso uma mulher seja infectada com rubéola no início da gravidez) e, por fim, à morte. Todas essas doenças e o sofrimento que elas causam podem ser prevenidos com vacinas. O fato de não vacinar as crianças faz com que elas fiquem desnecessariamente vulneráveis.

6) Aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo em uma criança pode aumentar o risco de eventos adversos prejudiciais, que podem sobrecarregar seu sistema imunológico.

Evidências científicas mostram que aplicar várias vacinas ao mesmo tempo não causa aumento de eventos adversos sobre o sistema imunológico das crianças. Elas são expostas a centenas de substâncias estranhas, que desencadeiam uma resposta imune todos os dias. O simples ato de comer introduz novos antígenos no corpo e numerosas bactérias vivem na boca e no nariz. Uma criança é exposta a muito mais antígenos de um resfriado comum ou dor de garganta do que de vacinas. As principais vantagens de aplicar várias vacinas ao mesmo tempo são: menos visitas ao posto de saúde ou hospital, o que economiza tempo e dinheiro; e uma maior probabilidade de que o calendário vacinal seja completado. Além disso, quando é possível ter uma vacinação combinada – como para sarampo, caxumba e rubéola – menos injeções são aplicadas.

7) A influenza é apenas um incômodo e a vacina para a doença não é muito eficaz.

A influenza é muito mais que um incômodo. É uma doença grave que mata de 300 mil a 500 mil pessoas a cada ano em todo o mundo. Mulheres grávidas, crianças pequenas, pessoas idosas com pouco acesso à saúde e qualquer um que possua uma condição crônica, como asma ou doença cardíaca, estão em risco mais elevado para uma infecção severa, que pode levar à morte. A vacinação de gestantes tem o benefício adicional de proteger seus recém-nascidos (não há atualmente nenhuma vacina contra a influenza para bebês menores de seis meses). A maioria das vacinas contra a influenza oferece imunidade às três cepas mais prevalentes, que circulam em qualquer estação. É a melhor maneira de reduzir as chances de adquirir influenza grave e de espalhá-la para outras pessoas. Evitar a doença significa evitar custos com cuidados médicos extras e perda de renda por faltas no trabalho ou na escola.

8) É melhor ser imunizado por meio da doença do que por meio de vacinas.

As vacinas interagem com o sistema imunológico para produzir uma resposta imunológica semelhante àquela produzida pela infecção natural, mas não causam a doença ou colocam a pessoa imunizada em risco de possíveis complicações. Em contraste, há um preço a ser pago pela imunidade adquirida apenas por meio de uma infecção natural: deficiência intelectual oriunda do Haemophilus influenzae tipo b (Hib), defeitos congênitos da rubéola, câncer hepático provocado pelo vírus da hepatite B ou morte por sarampo.

9) As vacinas contêm mercúrio, que é perigoso.

O tiomersal é um composto orgânico, que contém mercúrio, adicionado a algumas vacinas como conservante. É o conservante mais utilizado para vacinas que são fornecidas em frascos multidose. Não existe evidência que sugira que a quantidade de tiomersal utilizada nas vacinas represente um risco para a saúde.

10) Vacinas causam autismo.

Um estudo apresentado em 1998, que levantou preocupações sobre uma possível relação entre a vacina contra o sarampo, a caxumba e a rubéola e o autismo, foi posteriormente considerado seriamente falho e o artigo foi retirado pela revista que o publicou. Infelizmente, sua publicação desencadeou um pânico que levou à queda das coberturas de vacinação e subsequentes surtos dessas doenças. Não há evidência de uma ligação entre essa vacina e o autismo/transtornos autistas.

Um pouco mais sobre este mito:

O movimento anti-vacinação, em 1998, teve início quando o britânico Andrew Wakefield publicou um artigo na revista médica “The Lancet” relacionando a vacina combinada contra sarampo, rubéola e caxumba (a chamada Tríplice Viral), com o desenvolvimento de autismo. Na realidade, o Dr. Wakefield havia falsificado e inventado dados de pesquisa (ele teve sua licença cassada mais tarde).

(matéria original) Alguns jornais britânicos reportaram que tanto o hospital para o qual o médico trabalhava quanto ele próprio receberam dinheiro de advogados para levar a tal pesquisa adiante – estes, de olho no que seus clientes receberiam do governo como indenização, caso o estudo colasse. Seus clientes? Os pais das 12 crianças participantes do estudo. As denúncias foram apuradas pelo conselho médico britânico, e a conduta de Wakefield foi chamada de “desonesta e guiada por interesses pecuniários”. Em 2010, o próprio conselho se referiu ao estudo como fraudulento. Mas o estrago estava feito.

No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente torna obrigatória a vacinação, e com isso a prática de não vacinar os filhos é ilegal e pode fazer com que os pais respondam criminalmente por expor suas crianças ao risco de adoecimento e a sociedade à disseminação de doenças.

Nossa função como pais é proteger os nossos filhos, e se não faríamos mal a eles porque não vaciná-los? Vale lembrar que a prevenção é sempre melhor do que a remediação.

Beijinhos.

Fonte: Ministério da Saúde

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