Muito se fala sobre a fase do terrible two, mas difícil mesmo é a fase dos tantrum threes!!! Esse nome esquisito representa a terrível fase de birra que chega entre 2,5 e 3,5 anos… Quando Marina passou pelos difíceis dois anos, ela aprendeu o poder do “não”, e apesar de bem chatinha, essa fase não se compara à crise dos três anos! E eu achava que depois dos 2 anos eu estaria tranquila e entraria numa fase florida de amadurecimento da minha pimpolha… Pura inocência! rsrs
Por volta dos 3 anos a criança ganha novas habilidades verbais e desenvolve um raciocínio lógico que permite que ela argumente e nos desafie com respostas rápidas. Com um vocabulário cada vez mais complexo, determinação (ou seria teimosia?) e inteligência aguçada ela procura impor suas vontades como se fosse um indivíduo adulto. É considerada a transição do bebê para a criança.
Mas o caminho é bem difícil! E elas irão nos testar e testar nossa autoridade (e paciência) principalmente para conhecer seus limites. Mas esta crise não representa somente o desespero dos pais… Também representa um importante marco na transição de vida do pequeno: a formação da identidade da criança, onde ela compreende sua individualidade, e identifica seus próprios desejos e necessidades.
Segundo a Academia Americana de Pediatria é nessa idade que as crianças começam a ser capazes de negociar soluções para possíveis problemas ou conflitos, além de tornar-se independentes e conseguirem enxergar a si mesmos como um ser inteiro e completo. E o aprendizado desta fase terá reflexo na sua auto-confiança e independência na vida adulta.
Por isso, é fundamental que os pais mostrem quem é a autoridade, pra evitar de criar um pequeno “tirano”… Mas certamente, isso não deve ser imposto com violência física. Pois esta fase também é de muita observação e absorção, e o que a criança vivencia é o que ela reproduz. Ser capaz de demonstrar os limites com amor e firmeza é uma tarefa difícil que deve ser exercitada todos os dias…
"Educar não é cortar as asas, é direcionar o vôo" Aisha Linda
E essa consciência de “eu cresci” se reflete na sua interação com os adultos e nas crise de birra. Pois é fato que demoramos a entender que nosso bebezinho cresceu, e continuamos a tratá-los como tal, o que pode atiçar a rebeldia dos pequenos… Vejo isso, claramente no dia a dia: Marina constantemente se aborrece quando alguém a chama de “bebê” ou “pequenininha”, ela logo protesta: “Não sou bebê!! Sou grande!!”. Ela se sente grande e quer ser reconhecida assim, mas não sabe como fazer “isso acontecer”.
Ela o tempo todo quer fazer as coisas sozinha, quer impor sua vontade de querer/ou não comer, beber água ou suco, escolher roupas, etc. Ela já se entende como um (mini) adulto com vontades e desejos. E sim, eu sempre tento negociar… sim, eu sempre tento dar duas opções para escolha… sim, eu às vezes acho que vou enlouquecer… Por que nada disso parece evitar a crise de birra… Mas me concentro no mantra “Vai passar… é só uma fase…”
“A razão pela qual os três anos são mais difíceis do que os dois, é que crianças de 3 anos são mais inteligentes, fisicamente maior e mais determinadas – com um maior nível de desenvolvimento da linguagem”, diz Dr. Fran Walfish, Psy.D., psicoterapeuta de crianças e famílias e autora do livro The Parent Self-Aware.
Me ajuda saber que é muito comum os conflitos nesta idade, porque sempre bate aquela dúvida se estamos errando na criação que estamos dando aos nossos filhos, se somos péssimas mães (porque em geral a mãe se culpa mais que o pai), se estamos ficando muito ausentes etc. Procuramos sempre o “problema” em nós, pais, e temos dificuldade de compreender que é algo inerente ao crescimento da criança. Eu mesma procurei as informações pra fazer este post, porque estou passando por este processo. E percebo que é muito necessário a demonstração de limites e o amor pra dar segurança para ela.
Se até nós, passamos por ambiguidades constantes… queremos que cresçam logo, mas queremos que permaneçam no nosso colo; queremos que sejam independentes, mas com o caminho que nós escolhemos; queremos que obedeçam, mas esquecemos que a vida é um grande desafio…
Algumas características do Tantrum Three
1. Negativismo
O negativismo faz com que a criança vá contra tudo o que os pais falam, mesmo que isto vá contra o seu desejo. Por exemplo, mesmo que ele queira muito andar de bicicleta no parque, se for uma proposta “vinda dos adultos” ele tende a negar e dizer que quer ir na casa da vovó, para que sobressaia a sua vontade…
O negativismo muitas vezes ocorre seletivamente, ou seja, somente com um dos pais (geralmente a mãe) onde a criança permanece obediente aos outros como antes.
Dica:
Caso a criança esteja com este comportamento, você pode tentar dar as ordens inversas, como por exemplo: Não vista esta camiseta hoje” ou deixar a opção que você quer em destaque para a criança “pensar que escolheu”. Esta última, funciona muito lá em casa, eu deixo um vestido à mostra antes de começar a se arrumar para sair e ela “voluntariamente” escolhe esta roupa para sairmos e eu “concordo”. rsrs
2. Teimosia
A teimosia dispensa apresentações… Digamos que você chamou seu filho para jantar, mas ele se recusa. Você começa a persuadir e ele responde: “Eu já disse que não vou comer, então não vou” .
Dica:
Tentar discutir para convencê-lo geralmente é pior… Uma saída possível é dizer que você deixa comida na mesa e ele pode comer quando estiver com fome.
3. Autoritarismo
Na maioria das vezes esse sintoma ocorre em famílias com filho único. Ele procura fazer com que sua mãe e seu pai façam o que ele quiser. Por exemplo, a filha exige que a mãe esteja sempre ao lado dela. Quando existem outras crianças na família, as reações autoritárias se manifestam como ciúme: o bebê grita, pisa, empurra, tira os brinquedos do irmão ou da irmã.
Dica:
Não ceda à manipulação. As crianças devem perceber que a atenção dos pais pode ser atraída sem precisar de escândalos e histeria. Uma saída é procurar fazer tarefas juntos. Ele pode por exemplo colaborar em outras tarefas de casa, que sejam adequadas à sua idade, junto com os pais.
4. Independência
A independência manifesta-se no fato de que as crianças a desejam independentemente da situação específica e de suas próprias capacidades. A criança quer comprar algumas mercadorias na loja, pagar no caixa, atravessar a rua sem segurar a mão da avó.
Dica:
Sempre que possível, permita que a criança faça o que deseja, caso esta ação seja segura para ela. Se ele fizer o que quer, terá uma experiência inestimável.
O que os pais devem fazer?
Em primeiro lugar, os adultos precisam entender que o comportamento infantil não é culpa deles ou o aparecimento de um caráter ruim. Seu filho já é grande e quer se tornar independente. É hora de construir um novo relacionamento com ele.
Tente manter a calma. Temos de tentar manter a calma, apesar de todos os caprichos e birras da criança. E lembre que é inútil explicar algo para o seu filho se ele estiver chorando e gritando, deixe-o se acalmar e só depois recomece. Aproveite este tempo para respirar também, assim você evita de entrar no ciclo de gritos também.
Estabeleça limites razoáveis. Não é necessário utilizar uma dose excessiva de proibições, sempre que puder deixe-o exercer a independência. Entretanto, não vá ao outro extremo, senão por causa do excesso de permissividade, você corre o risco de criar um tirano. Encontre um limite razoável.
Incentive a autoconfiança. Tudo o que não representa um perigo para a vida das crianças, ela pode tentar fazer. Mesmo que, no processo de aprendizagem, algumas canecas sejam quebradas e um pouco do suco seja derramado.
Conceda o direito de escolher. Sempre que possível dê a ela duas opções razoáveis para escolha. Claro, você ainda toma as decisões sérias, mas em coisas não essenciais você pode ceder.
Ensine com a prática. Seu filho começa a se perceber como pessoa, e o seu exemplo mostra como um adulto maduro sempre irá encontrar uma solução para cada problema e com uma linguagem adequada. Afinal, o objetivo dos pais é ver o filho crescer maduro, com uma personalidade harmoniosa, e não ser submisso e dependente.
Portanto: Respire fundo, conte até 10, não se culpe, e lembre-se: “É uma fase, vai passar!”
Beijinhos